Cidade de Vidro I

"Tudo começou graças a um número errado..." O telefone começa a tocar. Inesperadamente. O número é desconhecido. Atendo mas não reconheço a voz. Do outro lado está alguém que procura uma pessoa com o meu nome, mas não sou eu. Parece simpática, está a tentar justificar desnecessariamente o sucedido. A tentar perceber a coincidência. De estar a falar comigo e não ser eu a pessoa "certa". É curioso de facto. A pessoa "certa". Sou portanto, com alguma certeza, a pessoa "errada". Do outro lado alguém sorri. "Ou não", responde-me brincando com a situação. Foi um engano como tantos outros, um acontecimento sem qualquer importância. "Lamento o sucedido". Eu não lamento, mas não o digo. Desligamos, mas eu não quero desligar. A eterna dúvida do que poderia ter acontecido. E a certeza de que as pessoas "certas" se cruzam sempre nas alturas erradas. "Ou não", diria ela. Parecia uma pessoa simpática... (homenagem a Paul Auster) Eu li e achei interessante esse texto(http://sol.sapo.pt/blogs/jmedeira/default.aspx) pena ...que parece que esse blog não é postado desde de 2006.